Imune



Tinha de chegar, era uma questão de tempo... inevitável.
Tantos dias, tantos anos passaram.
Já não sabia bem o que era, como era, mas sabia que acabaria por acontecer.
Ontem o meu peito encheu-se se tristeza, mas não de uma tristeza vã, nada disso, dessas tive muitas, mesmo muitas, esta foi diferente.
Triste porque gosto, triste porque quero, triste porque te quero.
Perdi a minha imunidade, já não me lembrava como era gostar tanto, gostar e não poder, não poder dar-me e estar sufocado no meio de um turbilhão de sentimentos lindos que a minha cabeça felizmente não consegue acompanhar. Dói mas faz parte, de certa forma também esta tristeza tem um lado belo.
Cresci como homem - Ah!, como gostava de ser teu.
Da minha planície de sentimentos apenas posso observar, sento-me perto do lago das emoções, choro ao reparar que este ano finalmente choveu, já não chovia aqui há tanto tempo, parece uma vida, uma vida que, lá ao fundo, o meu moinho de pensamentos faz questão de me lembrar que, tal como ele, dá muitas voltas, mas hoje, aqui e agora, não me parece que esta volta seja possível.
Volto para a sombra do meu pequeno cipreste e contento-me com o imenso prazer de contemplar os teus olhos e sinto, apenas sinto.

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